segunda-feira, outubro 30, 2006

PEDRO ABELARDO Y ELOISA


PEDRO ABELARDO Y ELOISA


Pedro Abelardo nasceu perto de Nantes em 1079, dedicou-se ao estudo da Dialéctica, Teologia e da Filosofia.
Foi discípulo de Roscelino, com o qual estudou Lógica e posteriormente foi discípulo de Guilherme de Champeaux com o qual estudou Teologia e se interessou pela discussão dos Universais.
Abelardo sempre se opôs às ideias dos seus mestres e como tal sempre gerou conflito e invejas.
Passa a sua juventude a viajar de escola em escola. Ao terminar os seus estudos, vai leccionar Filosofia em Melun, depois em Corbeil e posteriormente em Paris, instalando-se por fim em Sainte-Geneviève para ministrar aulas de Filosofia e Teologia.
As suas aulas são muito apreciadas e assistidas por inúmeros discípulos, ao ponto de serem preferidas à dos seus mestres.
Numa das escolas, encontra Heloísa, uma jovem de grandes atributos intelectuais e de grande beleza. Abelardo apaixona-se perdidamente. O tio de Heloísa, Fulberto, nunca viu este amor com bons olhos, ao ponto de castrar Abelardo para limpar o eu nome.
Abelardo e Heloísa têm um filho, ao qual puseram o nome de Astrolábio
Após a separação de Abelardo e Heloísa, ela entra na vida monástica no mosteiro de Argenteuil e Abelardo torna-se monge e continua os seus ensinamentos.
Pelo seu dom, Abelardo por todas as escolas por onde passava, encontrava sempre grande número de alunos.
Abelardo escreve um livro sobre a Unidade e a Trindade Divina, que suscita muitas polémicas na Igreja ao ponto de ser obrigado a queimá-lo em público.
Abelardo volta a ensinar em Paris, expondo em público a suas ideias sobre fé católica, e por serem consideradas uma afronta à Igreja é condenado e expulso.
Nos restantes anos da sua vida, para além de ensinar, Abelardo escreve algumas obras, das quais se destacam as seguintes: A Dialéctica ; Ética ou Conhece-te a Ti Mesmo ; As Glosas ; A Teologia Cristã ; Sic et Non (Sim e Não) ; História das Minhas Tristezas ; Diálogo entre um Filósofo, um Judeu e um Cristão (obra por acabar).
Existem algumas cartas entre Abelardo e Heloísa, da correspondência que trocaram ao longo dos anos e que imortalizou a história trágica de amor entre estes dois amantes.

*

HELOÍSA E ABELARDO

O ENCONTRO


Chamo-me Heloísa de Notre Dame
e saí para passear
com a minha criada Sibyle,
numa tarde de sereno entardecer.

O sol prende-se sobre o Sena
em suave desmaio
enquanto o último suspiro do dia
me arranca velozmente o chapéu.

Quiseram os deuses
que este se arrastasse
até um grupo de estudantes
reunidos em torno de alguém,
aos pés de quem o alado
e voluntarioso chapéu se foi postar.

Ao ouvir o seu nome,
mestre Abelardo, diziam,
senti que o meu coração
disparava intensamente.

Aproximei-me para recolher o chapéu,
e ele cumprimentando-me,
ofereceu-mo com um sorriso.

Dos estudantes logo partiram risos
cúmplices e jocosos
que esmoreceram suspensos
perante o modo como nos olhámos
em descoberta mútua.

Perturbada, coloquei o chapéu,
fiz uma reverência ao mestre
e retirei-me voando
agora eu ao vento dos sentidos,
na agonia de um estimulante entardecer...

*

TRISTEZA E SEPARAÇÃO


Expulso Abelardo de meus tálamos,
fez-se dor na minha noite.
Preparei poções, experimentei ervas,
e eis-me que tresloucada adormeço
meu tio para me render no porão
a encontros com o meu amado.

Aí reinventámos o amor
em noites de frio silêncio
e muda entrega.

Porém, a inveja do mundo
também nesse ninho nos alcançou
e em breve meu tio nos descobre,
me espanca e aferrolha em casa
sob estreita vigilância.

Passámos a encontrar-nos
furtivamente em sacristias,
confessionários e catedrais,
locais que me eram permitidos sem vigilância,
impensável que era o sacrilégio
para mentes que desconhecessem
a força do nosso amor...

*

AMANTES PARA SEMPRE


Abraçámo-nos em silêncio
perante o olhar protector
e triste do pai que nos abarca
como as obras mais plenas
da sua vida de filósofo,
pois desgostoso vira
algumas obras suas serem condenadas
à fogueira da ignorância...

Mas também então nada foi dito.
Nem o sopro de uma palavra.
Quando morreu, ergui-lhe um enorme sepulcro,
na Abadia de Cluny,
e nele pedi me juntassem ao meu amado,
ao soar da minha hora.

Pouco tempo depois,
quando nele vazavam os meus despojos,
dizem que para receber meu corpo,
o seu se encontrava ainda intacto,
e viram-lhe os braços abertos
como se me estivesse aguardando
para me abraçar na eternidade...

E assim, nela nos fizemos também
eternos amantes
e pensadores sem tempo.
***