segunda-feira, julho 04, 2005

LAUREADOS DO OLIMPO - OVÍDIO

Publio Ovidio Nasón (43 a.C.-17 d.C.), nasceu em Sulmona, na Itália Central, de uma família conservadora de linhagem equestre à qual incomodava a atracção de seu filho para a poesia. Ainda muito joven fui enviado para Roma para estudar; teve como mestres de eloquência aos gramáticos mais afamados do seu tempo: Aurélio Fusco e Pórcio Latrão. Mais tarde viajou até Atenas, até Ásia Menor e à Sicília.
No seu regresso a Roma, inseriu-se em ambientes intelectuais, porém fo ra dos círculos de Mesala e Mecenas. Desempenhou diversos cargos públicos, contudo finalmente afastou-se da política para se dedicar plenamente à poesia, da qual transparece a sua vasta cultura e erudição. Possuidor de uma grande facilidade para compor poesia e alcançou um imenso sucesso.
A sua vida pessoal e poética está ferida pela sua lamentável condenação ao desterro. No ano 8 a.C. foi objecto de uma acusação, nunca confirmada. Augusto enviou-o para Tomos (na costa ocidental do Mar Negro, na Dácia), e teve que abandonar para sempre a família que havia formado, o seu círculo de amizades e a fama e êxito que já conhecia como poeta.
Eis duas possíveis razões que puderam motivar a condenação de Ovídio por parte de Augusto: o ter presenciado algum sucesso escandaloso no seio da família imperial; ter publicado sua Ars Amandi, que com suas conotações eróticas vulnerava a moral que Augusto pretendia impor.
Ovídio morreu no desterro, lembrando Roma e suplicando angustiosamente a uns e a outros que intercedessem junto do Imperador Augusto para que lhe fosse levantado o castigo.


Obras : Metamorfoses (Hedra, SP., trad. de Manuel M. Bocage) A Arte de Amar (Ediouro, SP) Poemas da carne e do exílio (Cia. das Letras, SP.) Heroídas


METAMORPHOSEON LIBER PRIMVS


In nova fert animus mutatas dicere formas
corpora; di, coeptis (nam vos mutastis et illas)
adspirate meis primaque ab origine mundi
ad mea perpetuum deducite tempora carmen!
Ante mare et terras et quod tegit omnia caelum 5
unus erat toto naturae vultus in orbe,
quem dixere chaos: rudis indigestaque moles
nec quicquam nisi pondus iners congestaque eodem
non bene iunctarum discordia semina rerum.
nullus adhuc mundo praebebat lumina Titan, 10
nec nova crescendo reparabat cornua Phoebe,
nec circumfuso pendebat in aere tellus
ponderibus librata suis, nec bracchia longo
margine terrarum porrexerat Amphitrite;
utque erat et tellus illic et pontus et aer, 15
sic erat instabilis tellus, innabilis unda,
lucis egens aer; nulli sua forma manebat,
obstabatque aliis aliud, quia corpore in uno
frigida pugnabant calidis, umentia siccis,
mollia cum duris, sine pondere, habentia pondus. 20
Hanc deus et melior litem natura diremit.
nam caelo terras et terris abscidit undas
et liquidum spisso secrevit ab aere caelum.
quae postquam evolvit caecoque exemit acervo,
dissociata locis concordi pace ligavit: 25
ignea convexi vis et sine pondere caeli
emicuit summaque locum sibi fecit in arce;
proximus est aer illi levitate locoque;
densior his tellus elementaque grandia traxit
et pressa est gravitate sua; circumfluus umor 30
ultima possedit solidumque coercuit orbem.