domingo, abril 17, 2005

OS LAUREADOS DO OLIMPO - «O JOGRAL DE DEUS»


SÃO FRANCISCO DE ASSIS
"O JOGRAL DE DEUS"

São Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, na Itália, em 1181.
Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco Bernardone, nome de baptismo, tentou tirar todos os proveitos de sua condição social vivendo entre os amigos boémios. Experimentou seguir, como o pai, a carreira de comerciante, mas a tentativa foi em vão.
Sonhou então, com as honras militares. Aos vinte anos, alistou-se no exército de Gualtieri de Brienne que combatia pelo Papa, mas em Espoleto teve um sonho revelador. Foi convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo". Suas revelações não parariam por aí. Em Assis, com grande empenho dedicou-se ao serviço dos doentes e dos pobres.
Um dia do Outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São Damião, ouviu a imagem de Cristo dizer-lhe : "Francisco, restaura a minha casa em ruínas". O chamamento ainda pouco claro para Francisco foi tomado no sentido literal. Para isso, vendeu as mercadorias da loja do pai para restaurar a igrejinha. Como resultado, o pai de Francisco, indignado com o facto, deserdou-o. Com a renúncia definitiva aos bens materiais paternos, Francisco deu início à sua vida religiosa, "unindo-se à Irmã Pobreza". Fundou a Ordem dos Frades Menores, que em poucos anos se transformou numa das maiores da Cristandade. Fundou, com Clara de Assis, o ramo feminino da mesma Ordem. Para os leigos que viviam no mundo, mas desejavam ser fiéis ao espírito de pobreza e participar das graças e privilégios da espiritualidade franciscana, fundou a Ordem Terceira. A sua devoção a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em dores e chagas. Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224, apareceram-lhe no corpo as cinco chagas de Cristo – fenómeno denominado "estigmatização". Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram a sua grande fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenómeno, Francisco foi chamado ao Reino dos Céus. Morreu com fama de Santo, em 1226 .
O amor de Francisco tem um sentido profundamente universalista. Ninguém como ele se irmanou tanto com todo o Universo: foi irmão do sol, da água, das estrelas, das aves e dos animais. O "Cântico ao Sol", em que proclama seu amor a tudo o que existe, é uma das mais lindas páginas da poesia cristã. Canonizado em 1228 por Gregório IX, sua festa é celebrada a 4 de Outubro. Há poucos anos, por consenso e aclamação, foi proclamado pela Organização das

Nações Unidas / O.N.U. como «Patrono da Natureza e dos Direitos Ecológicos e Animais» .

CÂNTICO DO IRMÃO SOL
OU DAS CRIATURAS

Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,

Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
Só a ti Altíssimo, são devidos;

e homem algum é digno de Te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor,

com todas as tuas criaturas,
especialmente o Senhor irmão Sol,
que clareia o dia e com sua luz nos alumia.

E ele é belo e radiante com grande esplendor.
De ti, Altíssimo, é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Lua e as Estrelas,
que no céu formaste
claras e preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão Vento, pelo ar,
ou nublado ou sereno, e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor

pela irmã Água, que é mui útil e humilde
e preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão Fogo. Pelo qual iluminas a noite.
E ele é belo e jucundo e vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,

por nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e governa,
e produz frutos diversos
e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelos que perdoam por teu amor,
e suportam enfermidades e tribulações.

Bem aventurados os que sustentam a Paz,
que por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor,

por nossa irmã a Morte corporal,
da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar conformes
à Tua santíssima vontade,
porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei ao meu Senhor,

e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade.

Louvado sejas para sempre,
ó meu Senhor !


São Francisco de Assis