segunda-feira, abril 04, 2005

OS LAUREADOS DO OLIMPO - PÍNDARO


(Cinoscéfalos, actual Grécia, 518 a. C. - 438 a.C.)


Poeta lírico grego. Da sua extensa produção conservam-se 45 odes triunfais, divididas em quatro livros (Olímpicas, Píticas, Nemeias e Ístmicas), que constituem uma das melhores mostras de lírica coral grega. Foi um dos poetas gregos mais famosos, como o demonstra o interesse que já na Antiguidade tardia despertou a sua figura, sendo objecto de seis das Vidas que escreveu Plutarco, nas quais as datas credíveis se misturam com significativas lendas, como a que conta que, sendo menino, as abelhas banhavam os seus lábios no mel enquanto sonhava. Parece certo que pertencia a uma família da aristocracia tebana e que estudou em Atenas, onde se formou musicalmente, ao mesmo tempo em que estava surgindo o lirismo coral e o ditirâmbico. Os seus modelos literários foram sobretudo Homero e Hesíodo, ainda que na sua poesia influenciaram também poetas locais, como as poetisas Myrtis e Corina. Fiel às suas origens aristocráticas, manteve-se ao lado de Tebas durante as Guerras Pérsicas, e a sua estreita relação com Egino, líder tebano conservador a quem dedicou onze odes, Jogos panhelénicos. O seu estilo grave e solene, de largas frases que violentam a sintaxe e as que predominam nos substantivos, com um léxico grandiloquente herdado da tradição épica, foi admirado pelos seus conterrâneos, pelo que se converteu a partir de então num modelo preceptivo do lirismo coral, ao mesmo tempo que favoreceu passo para o drama. Na Modernidade. A sua obra despertou o interesse dos autores românticos, seduzidos pela sublimidade dos seus versos e dos indultos das suas imagens.

Para

Hieron de Siracusa (a III Pítica)


Eu queria que o filho de Filira, Quíron,
se é preciso através de nossa língua
fazer uma prece comum,
vivesse, ele que já partiu,
o poderoso filho de Crono, filho de Urano;
e que reinasse ainda nos vales do Pélion,
selvagem centauro
amigo dos homens pelo pensamento.
Foi ele que outrora criou
o artesão que acalma a dor,
o doce Asclépio, o que fortifica,
o herói que cura todas as doenças.

[ Pi.P. 3.1-13 ]


Para
Theron de Acragás (a II Olímpica)


Sempre em noites iguais,
em dias iguais com sol,
isenta de penas,
os bons recebem a vida e a terra,
não revolvem com a força de seus braços,
nem a água do mar,
ao longo de uma vida vazia;
pelo contrário,
junto dos que são caros aos deuses,
aqueles que se regozijaram
com a fidelidade aos juramentos
passam uma vida sem lágrimas.
Os outros padecem uma provação
que o olhar não suporta.

[ Pi.O. 2.109-122 ] .